O hipotireoidismo é uma condição que tem impactos na saúde de modo geral e pode ser um obstáculo nos planos de quem deseja ter filhos. Embora afete principalmente pessoas em idade avançada, essa disfunção tireoidiana também pode ser diagnosticada em mulheres jovens, que ainda estão no auge da idade reprodutiva.
A tireoide é uma estrutura endócrina localizada na parte da frente do pescoço e tem um papel essencial no funcionamento do organismo. Ela produz os hormônios T3 (tri-iodotironina) e T4 (tiroxina), que agem regulando o metabolismo, a temperatura corporal, o ritmo cardíaco e diversas outras funções fisiológicas.
Além das funções gerais, os hormônios tireoidianos são importantes para a fertilidade, pois interagem com hormônios de outras glândulas, sobretudo da hipófise, para regular o ciclo menstrual, a ovulação e até a implantação do embrião no útero.
Neste artigo, vamos explicar como o hipotireoidismo afeta a fertilidade e quais são as opções de tratamento para quem deseja engravidar com segurança.
Leia o post até o final!
Causas, sintomas e diagnóstico do hipotireoidismo
O hipotireoidismo é uma disfunção endócrina que ocorre quando a tireoide não produz hormônios em quantidade suficiente para manter o funcionamento normal do organismo. Essa hipoatividade tireoidiana tem maior prevalência no sexo feminino e sua incidência aumenta com a idade, sendo mais frequente acima dos 40 anos.
Possíveis causas
As causas do hipotireoidismo incluem:
- tireoidite de Hashimoto, um transtorno autoimune no qual o sistema imunológico ataca a tireoide, levando à sua destruição progressiva;
- deficiência de iodo;
- cirurgia prévia de remoção total ou parcial da tireoide;
- tratamento de hipertireoidismo;
- idiopática (sem causa definida);
- distúrbios congênitos — algumas pessoas nascem com a tireoide subdesenvolvida ou ausente, levando ao hipotireoidismo desde o nascimento;
- uso de determinados medicamentos, como o carbonato de lítio, utilizado como antidepressivo.
Principais sintomas
Os sintomas de hipotireoidismo podem ser sutis no início, mas tornam-se mais evidentes com o tempo, entretanto, em muitos casos, é assintomático. Entre eles, estão:
- fadiga e cansaço excessivo;
- ganho de peso sem motivo aparente;
- queda de cabelo;
- pele ressecada;
- constipação intestinal;
- sensação frequente de frio;
- sonolência;
- redução do ritmo cardíaco;
- sintomas depressivos;
- menstruação irregular.
Exames para o diagnóstico
O diagnóstico de hipotireoidismo é feito a partir de exames laboratoriais que avaliam os níveis hormonais. Realiza-se a análise de:
- T4 Livre, hormônio tireoidiano, cuja concentração é reduzida no hipotireoidismo;
- TSH (hormônio estimulador da tireoide), produzido pela hipófise — no hipotireoidismo, geralmente está elevado para aumentar o estímulo à glândula, que se encontra em hipoatividade;
- anticorpos antitireoidianos, análise útil para verificar a presença de doenças autoimunes, como a tireoidite de Hashimoto.
Um ultrassom da tireoide também pode ser solicitado para avaliar se existem nódulos ou tumor na glândula.
Infertilidade associada ao hipotireoidismo
O hipotireoidismo pode afetar a fertilidade tanto em mulheres quanto em homens, mas seu impacto é maior no sistema reprodutor feminino. Isso ocorre porque os hormônios tireoidianos interagem com os hormônios hipofisários e ovarianos e podem influenciar etapas importantes do processo de concepção, como a ovulação e o preparo do endométrio para a implantação embrionária.
Veja, em resumo, os efeitos do hipotireoidismo na fertilidade feminina:
- alterações no ciclo menstrual — ciclos menstruais irregulares podem indicar problemas ovulatórios. Caso a mulher tenha anovulação (ausência de ovulação) ou oligovulação (ovulação infrequente), as chances de concepção diminuem;
- alterações no endométrio, revestimento interno do útero — o tecido endometrial precisa estar preparado para receber o embrião, e esse preparo cíclico é feito pelos hormônios ovarianos (estrogênio e progesterona). O hipotireoidismo, como vimos, pode prejudicar o equilíbrio hormonal, afetando, por consequência, a implantação ou fixação do embrião;
- maior risco de abortamento — os baixos níveis de hormônios tireoidianos e ovarianos também interferem nos processos fisiológicos da gestação e aumentam o risco de perda gestacional precoce.
Embora seja menos comum nos homens, também devemos considerar os impactos. O hipotireoidismo pode alterar os níveis de testosterona, prejudicando a produção de espermatozoides, bem como a libido e a função erétil.
Tratamento do hipotireoidismo e possibilidades de gravidez
O tratamento do hipotireoidismo é simples e eficaz na maioria dos casos. O objetivo é restaurar os níveis normais dos hormônios tireoidianos e, assim, minimizar os impactos no organismo.
A terapia padrão consiste na reposição diária de hormônios tireoidianos, ajustando a dose conforme os exames laboratoriais. A cirurgia é feita em casos raros, quando indicada para remoção de tumores da tireoide.
Mulheres que enfrentam dificuldades para engravidar, mesmo com o hipotireoidismo controlado com a terapia hormonal, podem buscar os serviços de reprodução assistida, como a indução da ovulação e a fertilização in vitro (FIV).
Seja por concepção natural, seja com auxílio das técnicas de reprodução assistida, o acompanhamento da função tireoidiana durante a gestação é imprescindível. O hipotireoidismo não tratado pode levar a complicações, como risco aumentado de abortamento, parto prematuro, baixo peso ao nascer, entre outros.
Portanto, mulheres com hipotireoidismo devem: realizar exames regulares antes e durante a gravidez, manter o tratamento adequado e contar com um acompanhamento cuidadoso durante o pré-natal.
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