Você já pensou em congelar os óvulos? Nos últimos anos, essa prática tem sido cada vez mais discutida, especialmente entre mulheres que desejam preservar a fertilidade para um momento futuro.
O crescente interesse por fazer o congelamento de óvulos se deve às mudanças sociais, como o adiamento da maternidade por motivos profissionais, pessoais ou de saúde.
Essa reflexão é importante porque, embora a medicina reprodutiva ofereça recursos avançados, o tempo continua sendo um fator decisivo quando se fala em fertilidade feminina — ou seja: o “relógio biológico” não para.
Se você chegou ao questionamento sobre qual é a melhor idade para congelar os óvulos, talvez já seja o momento certo de considerar essa possibilidade, especialmente se passou dos 30 anos e ainda não tem planos bem definidos de formar família.
Vamos explicar, neste post, qual é a idade ideal para congelar os óvulos. Leia e veja a resposta!
O que é congelamento de óvulos?
O congelamento ou criopreservação de óvulos é uma técnica da medicina reprodutiva que permite armazenar os gametas em baixíssimas temperaturas para que possam ser usados futuramente em uma fertilização in vitro (FIV).
Atualmente, a criopreservação é realizada com a técnica de vitrificação, que congela células e tecidos biológicos de maneira ultrarrápida, impedindo a formação de cristais de gelo que poderiam causar danos.
A média da taxa de sobrevivência dos óvulos vitrificados é superior aos 90%. Além disso, as células preservam sua qualidade e mantêm as chances de sucesso no tratamento para engravidar, desde que a idade da mulher no momento da coleta seja favorável.
Antes da coleta de óvulos, a mulher realiza exames e passa por estimulação ovariana com hormônios. Com isso, é possível amadurecer vários gametas em um único ciclo. Pouco tempo antes que a ovulação aconteça, os óvulos são coletados, analisados e colocados em criopreservação.
Além do congelamento de óvulos, podemos criopreservar sêmen, embriões e fragmentos de tecidos retirados dos órgãos reprodutores (ovários e testículos).
Por que congelar meus óvulos?
Há várias razões que podem levar uma mulher a congelar os óvulos, uma das principais é o adiamento da maternidade. A idade é um dos fatores mais relevantes para a qualidade e a quantidade de óvulos. Portanto, quanto mais a idade avança, mais as chances de gravidez diminuem.
As mulheres podem optar por esse procedimento por razões pessoais ou profissionais — nesse contexto, a prática é chamada de preservação social da fertilidade.
Historicamente, o matrimônio e a formação de uma família eram os grandes objetivos de vida feminina, muitas vezes, mantidos por tradições e pressões familiares e sociais. No cenário atual, embora muitas pessoas ainda associem casamento e maternidade à realização pessoal, muitas mulheres estão redefinindo seus planos de vida e priorizando outros objetivos, como crescimento profissional e projetos pessoais.
Outras mulheres decidem congelar os óvulos por motivos médicos, como a necessidade de tratamentos oncológicos (quimioterapia e radioterapia), cirurgias ovarianas ou diante da presença de fatores de risco para menopausa precoce — nesse outro contexto, a prática é chamada de preservação oncológica ou terapêutica da fertilidade.
Em resumo, congelar os óvulos é uma opção nas diversas situações em que a mulher decide (ou precisa) adiar a gravidez, por exemplo:
- priorização da carreira;
- busca por independência e estabilidade financeira;
- mudanças nos padrões de relacionamento e nas convenções familiares;
- condições médicas que demandam uma conduta preventiva devido aos riscos de comprometimento das funções reprodutivas.
Qual é a melhor idade para fazer o congelamento?
Essa é a principal pergunta — e, ao mesmo tempo, a mais difícil de responder com uma idade exata. No entanto, é possível afirmar com segurança: quanto mais jovem for a mulher, melhor é a qualidade dos óvulos que serão congelados para uso futuro.
Geralmente, recomenda-se que a coleta dos óvulos seja feita até os 35. Isso porque, a partir dessa idade, a qualidade das células passa a diminuir de forma mais acelerada. Entretanto, também é possível realizar o congelamento depois disso, estando a mulher ciente de que as chances de sucesso em uma gravidez tardia são menores. Este fato pode ser minorado aumentando-se o número de óvulos congelados.
Qual é o número ideal de óvulos maduros congelados?
Esta é uma resposta quase cabalística. Sugere-se 10 ou mais para mulheres com 35 anos, aumentando gradualmente com a idade. Isso pode ser obtido algumas vezes com mais de uma coleta, uma vez que o estímulo ovariano não “gasta” óvulos, apenas resgata os que são perdidos em cada ciclo menstrual.
Se você está refletindo sobre congelar seus óvulos, talvez esse já seja o melhor momento para buscar orientação médica. Afinal, o simples fato de considerar essa possibilidade já mostra que você está em um ponto da vida em que preservar sua fertilidade é uma alternativa estratégica.
A avaliação da reserva ovariana também é importante para orientar o momento adequado para o congelamento de óvulos. Exames como a dosagem do hormônio antimülleriano (AMH) e a ultrassonografia para contagem de folículos antrais ajudam a estimar a quantidade de óvulos disponíveis e a planejar melhor o tratamento.
Como engravidar com os óvulos congelados?
No futuro, quando decidir engravidar, você poderá tentar naturalmente ou utilizar os óvulos congelados. Nesse caso, os gametas serão descongelados e fertilizados em laboratório. Depois disso, os embriões serão monitorados por alguns dias em incubadora e transferidos para o útero.
O uso dos óvulos congelados somente pode ser feito na FIV, uma vez que eles não podem ser colocados novamente nos ovários para que ocorram os processos naturais de ovulação e fecundação.
Uma grande vantagem do congelamento de óvulos é que ele permite à mulher adiar a maternidade sem comprometer a qualidade de suas células e as chances de sucesso no futuro — desde que os gametas tenham sido coletados em uma fase de boa saúde reprodutiva.
Embora a técnica tenha altas taxas de aproveitamento, com taxas acumuladas de gravidez bastante elevadas, vale a pena esclarecer que nenhum tratamento oferece garantia absoluta de gravidez. Por isso, ao se submeter aos procedimentos para congelar os óvulos, é preciso ter uma visão realista das possibilidades de sucesso após conversar com um profissional da área.
Agora, leia também o texto que aborda a ovodoação (doação de óvulos)!
