A infertilidade é uma condição que afeta muitas mulheres e casais ao redor do mundo, podendo ser resultado de diversas causas, incluindo fatores físicos e hormonais.
Entre as condições que afetam diretamente a capacidade de ter filhos, a síndrome de Asherman é uma das mais complexas, caracterizada pela formação de aderências dentro da cavidade uterina.
Essas aderências podem ser causadas por traumas no útero, como curetagens, cesarianas ou infecções etc., e comprometer a função uterina, tornando a concepção extremamente difícil ou até impossível.
Este texto visa explorar a relação entre a síndrome de Asherman e a infertilidade, esclarecendo como as aderências intrauterinas afetam a fertilidade e quais são as opções de tratamento.
O que é infertilidade?
A infertilidade, segundo a definição da Organização Mundial da Saúde (OMS), é caracterizada pelo insucesso em conseguir engravidar após um ano de tentativas regulares e desprotegidas em mulheres com 35 anos ou menos ou 6 meses em mulheres acima dessa idade.
A infertilidade pode ser primária ou secundária. A infertilidade primária é a condição em que o casal não tem filhos e não consegue engravidar, mesmo com tentativas contínuas. Já a infertilidade secundária é observada quando um casal já tem pelo menos um filho, mas não consegue engravidar novamente após uma nova tentativa, devido a fatores que podem surgir ao longo do tempo ou alterações nas condições previamente favoráveis.
A infertilidade pode ser transitória ou permanente. Há fatores de infertilidade que podem ser tratados, como disfunções ovulatórias, enquanto há fatores que não podem, como a ausência do útero.
A síndrome de Asherman tem relação com as sinequias

Sinequias são aderências ou cicatrizes que se formam dentro do útero, geralmente após uma lesão, cirurgia ou infecção. Elas ocorrem quando partes do endométrio, camada que reveste o útero, se unem e formam uma membrana fibrosa onde não deveria existir.
As sinequias podem variar em tamanho, podendo afetar diferentes áreas do útero, como paredes laterais e áreas mais próximas ao colo uterino, limitando o espaço disponível para a gestação.
O útero é formado por três camadas principais: a serosa, o miométrio e o endométrio, sendo o endométrio a camada interna, que se modifica a cada ciclo menstrual e é responsável por receber o embrião após a fertilização.
Quando há uma lesão nesse tecido, o processo de cicatrização pode formar sinequias, que podem ser leves ou mais extensas e comprometer a função normal do útero, como o fluxo menstrual e a implantação de um embrião.
As sinequias estão intimamente relacionadas à síndrome de Asherman, que é uma condição caracterizada pela formação de aderências significativas na cavidade uterina, resultantes de traumas no endométrio.
A síndrome de Asherman pode causar problemas de fertilidade, abortos recorrentes e distúrbios menstruais. Quando as sinequias são extensas, elas podem obstruir a cavidade uterina, dificultando a concepção ou a gestação, além de afetar o ciclo menstrual.
O tratamento da síndrome de Asherman geralmente envolve a remoção das sinequias por meio de cirurgia, para restaurar a funcionalidade do útero e possibilitar a concepção.
Qual é a relação da síndrome de Asherman com a infertilidade?
A síndrome de Asherman está diretamente relacionada à infertilidade, principalmente devido à formação de aderências intrauterinas que comprometem a cavidade uterina e interferem nos processos naturais necessários para a concepção e gestação.
Essas aderências ocorrem quando o endométrio, a camada interna do útero, cicatriza de forma anormal, muitas vezes após traumas como curetagens, abortos, endometrite, uso de DIU ou cirurgias uterinas (como cesarianas). As cicatrizes podem formar uma membrana que une as paredes do útero, resultando em uma cavidade uterina menor e deformada.
As alterações estruturais afetam a fertilidade de diversas maneiras:
- Dificultando a implantação do embrião;
- Causando distúrbios menstruais;
- Provocando abortos de repetição.
Esses elementos fazem da síndrome de Asherman uma causa significativa de infertilidade, especialmente como resultado de intervenções uterinas anteriores, incluindo curetagem após aborto espontâneo ou procedimentos cirúrgicos no útero.
Como a reprodução assistida pode ajudar?
O tratamento mais indicado para a síndrome de Asherman é a retirada das sinequias por histeroscopia cirúrgica, embora em casos graves essa não seja uma possibilidade. Muitas vezes, a mulher consegue engravidar espontaneamente depois da cirurgia. No entanto, isso pode não acontecer. Às vezes, há outros fatores associados, como a idade.
Nesses casos, a reprodução assistida oferece várias opções. Entre os tratamentos disponíveis, a FIV (fertilização in vitro) e a barriga solidária (ou gestação de substituição) são duas das abordagens que podem ser indicadas, dependendo da gravidade da condição uterina e das particularidades do caso.
FIV
A FIV é uma das principais opções para casais com dificuldades de concepção devido a problemas uterinos.
Na FIV, os óvulos da mulher são coletados e fertilizados em laboratório com os espermatozoides do parceiro ou de um doador. Durante o desenvolvimento embrionário, prepara-se o endométrio (a camada interna do útero) para receber o embrião.
No caso de mulheres com a síndrome de Asherman, a FIV pode ser realizada depois da cirurgia, o que aumenta as chances de sucesso.
Barriga solidária (gestação de substituição)
Nos casos mais graves de síndrome de Asherman, quando o útero está severamente danificado ou a capacidade de gerar uma gravidez é completamente comprometida, uma opção pode ser a gestação de substituição ou barriga solidária.
Essa técnica envolve a transferência do embrião formado com os óvulos da mãe e espermatozoides do pai ou de doador para o útero de uma mulher que concorda em passar pela gravidez, seguindo a resolução do Conselho Federal de Medicina.
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