Os ovários têm um funcionamento cíclico no corpo feminino, estimulado pelos hormônios da hipófise, FSH (folículo-estimulante) e LH (luteinizante). Em geral, o ciclo ovariano resulta na liberação de um óvulo por mês, o que é suficiente para que as gestações naturais aconteçam. Entretanto, em tratamentos de reprodução assistida, precisamos intensificar o desenvolvimento dos óvulos. Para isso, podemos utilizar o DuoStim e outros protocolos.
As estratégias utilizadas na reprodução assistida partem de uma avaliação individualizada. Em relação ao funcionamento ovariano, em específico, cada mulher responde de uma forma às medicações. Portanto, é preciso adotar protocolos personalizados de estimulação ovariana.
Vamos explicar, neste artigo, como funciona o DuoStim, quais são suas vantagens e em que situações ele pode ser indicado. Descubra mais a seguir!
O que é estimulação ovariana?
A estimulação ovariana é a etapa inicial dos tratamentos de reprodução assistida. Consiste no uso de hormônios exógenos, administrados por meio de comprimidos e/ou injeções, para estimular o desenvolvimento dos folículos ovarianos. O crescimento folicular é monitorado com ultrassonografias seriadas e dosagens hormonais.
A mulher nasce com os ovários já contendo milhões de óvulos imaturos guardados dentro das unidades que chamamos de folículos — esse conjunto é a reserva ovariana. Até chegar na puberdade, a reserva de óvulos passa por uma redução natural, restando cerca de 400 mil folículos.
Nos ciclos menstruais, grupos de folículos ovarianos são recrutados (estimulados pelos hormônios) e iniciam seu desenvolvimento. Geralmente, somente um deles libera um óvulo maduro em cada ciclo, acarretando a perda dos demais. Dessa forma, a reserva ovariana continua reduzindo gradativamente ao longo da vida da mulher.
Com a estimulação ovariana controlada, é possível promover o desenvolvimento de vários folículos no mesmo ciclo, permitindo a amadurecimento de mais óvulos. Essa técnica é realizada nos tratamentos de reprodução humana assistida, de modo geral, mas é especialmente relevante para mulheres que já apresentam baixa reserva ovariana.
Como vimos, a reserva ovariana reduz continuamente no decorrer dos ciclos menstruais — e de forma mais acentuada a partir dos 35 anos. Nesses casos, pode ser necessário utilizar protocolos diferenciados de estimulação ovariana.
As doses dos hormônios utilizados podem ser mais leves ou mais brandas, dependendo da idade da paciente, da situação da reserva ovariana, do peso e da técnica de reprodução assistida escolhida — se de baixa complexidade (coito programado e inseminação artificial) ou alta complexidade (fertilização in vitro– FIV).
Na FIV, a estimulação ovariana é mais intensa, pois o objetivo é coletar o maior número possível de óvulos. Aqui, entram os protocolos diferenciados, como o DuoStim, para obter uma melhor resposta ovariana, especialmente das mulheres que têm baixa reserva.
Por que existem diferentes protocolos de estimulação ovariana?
A resposta à medicação hormonal pode variar de mulher para mulher dependendo de vários fatores, por isso a importância de adotar protocolos individualizados de estimulação ovariana. A idade, a reserva ovariana, a presença de doenças ginecológicas, entre outros fatores, influenciam a resposta ao tratamento.
Embora diferentes protocolos tenham sido desenvolvidos para estimular os ovários, o objetivo é sempre obter a melhor resposta possível, mas com segurança, ou seja, sem oferecer riscos à saúde da paciente com doses inadequadas de medicação. Sendo assim, é preciso passar por uma avaliação completa antes de iniciar qualquer técnica de reprodução assistida.
Após os exames necessários para avaliação da reserva ovariana, define-se o protocolo de estimulação. Além do método mais comum, no qual os hormônios são administrados no início do ciclo menstrual (na fase folicular), há estratégias específicas indicadas para algumas mulheres, incluindo:
- DuoStim — estimulação dupla em um mesmo ciclo menstrual. Um estímulo hormonal é feito na fase folicular e o outro na pós-ovulatória, aproveitando os folículos ovarianos que já iniciaram seu desenvolvimento;
- TetraStim — protocolo que envolve quatro estímulos hormonais consecutivos, utilizando doses baixas de medicação. Cada estimulação é seguida da coleta e do congelamento das células, o que permite acumular uma quantidade maior de óvulos, mesmo que poucos sejam coletados em cada etapa.
Quais são as vantagens e indicações do DuoStim?
As principais indicações do DuoStim são para os casos de:
- mulheres com baixa reserva ovariana, devido à idade avançada ou outras condições que aceleraram a redução da reserva;
- urgência para preservar a fertilidade — mulheres que precisam realizar tratamentos oncológicos, por exemplo, podem se beneficiar dessa abordagem para congelar mais óvulos em menos tempo;
- ciclos anteriores com baixa resposta à estimulação ovariana convencional — pacientes que já realizaram a FIV e obtiveram poucos óvulos podem ser orientadas a tentar o DuoStim como alternativa.
Já as vantagens do DuoStim incluem:
- possibilidade de coletar mais óvulos em menos tempo;
- redução do tempo total de tratamento;
- aumento das chances de chegar à etapa final da FIV com embriões viáveis;
- melhor aproveitamento da resposta ovariana no mesmo ciclo;
- redução da ansiedade entre tentativas.
Seja com DuoStim, TetraStim ou estímulo convencional, a abordagem individualizada mantém sua importância para oferecer melhores resultados à cada mulher. A escolha do protocolo decorre de uma avaliação criteriosa, considerando não apenas os resultados de exames e o histórico clínico do casal, mas também suas expectativas e decisões.
Quer saber mais? Antes de ir, leia o texto sobre estimulação ovariana!