A histerossalpingografia faz parte da investigação básica da infertilidade feminina. É uma técnica diagnóstica importante, pois pode ajudar a identificar alterações em órgãos reprodutores que são fundamentais para o processo de reprodução humana.
A fertilidade da mulher está associada às condições de seu sistema reprodutor. Nesse sentido, é importante ter:
- equilíbrio hormonal;
- ovulação frequente (um óvulo liberado por mês, isto é, por ciclo ovulatório);
- tubas uterinas permeáveis (desobstruídas);
- útero em bom estado anatômico e funcional;
- ausência de infecções, inflamações e outras doenças na região pélvica.
Acima listamos aspectos básicos para que o aparelho reprodutivo da mulher funcione bem. No entanto, existem inúmeras alterações que podem acometer os órgãos reprodutores, interferindo de várias formas na capacidade de ovular e gestar.
Os órgãos do sistema reprodutor feminino incluem: ovários, tubas uterinas e útero (trato superior); colo do útero, vagina e vulva (trato inferior).
As doenças que atingem o trato genital superior são as que podem prejudicar diretamente a fertilidade — embora algumas infecções do trato inferior possam avançar de forma ascendente, oferendo riscos.
Ao longo deste texto, vamos abordar principalmente o útero e as tubas uterinas, que têm relação direta com a histerossalpingografia. Continue a leitura e veja quais condições podem afetar esses órgãos, como é feita a avaliação e como tratar!
O que é histerossalpingografia?
Histerossalpingografia é um exame ginecológico de diagnóstico por imagem com tecnologia de raio-X, realizado para avaliar as condições anatômicas do útero e das tubas uterinas, sendo uma importante indicação na investigação da infertilidade.
O útero é o órgão que recebe, sustenta e protege o feto desde a implantação do embrião até o nascimento do bebê. Tem formato de pera invertida e é um órgão virtualmente oco. Sua cavidade tem espaço para acomodar o embrião e sua capacidade de expansão permite que o feto cresça até estar completamente formado e pronto para nascer.
As tubas uterinas — ou trompas de falópio, como eram chamadas — são dois tubos conectados às laterais superiores do útero e que se estendem até perto dos ovários. Assim, são órgãos que fazem a comunicação entre ovários e cavidade uterina. Elas recolhem o óvulo no momento da ovulação, oferecem o local para a fertilização e, depois disso, conduzem o óvulo fertilizado para o útero.
O exame de histerossalpingografia é realizado com a mulher em posição ginecológica. Primeiramente, é administrada uma solução de contraste iodado pelo orifício do colo do útero. Depois, realiza-se uma sequência de radiografias da região pélvica.
Nas imagens, é possível ver a progressão do líquido e avaliar se ele preencheu corretamente a cavidade do útero e as tubas uterinas ou se houve alguma obstrução. O exame também revela alterações na morfologia dos órgãos, como presença de nódulos e distorções.
A histerossalpingografia é considerada o exame de escolha para avaliar a permeabilidade tubária. Embora essa técnica também possibilite a avaliação do útero, o exame padrão ouro para diagnosticar doenças da cavidade uterina é a histeroscopia.
Quais são os diagnósticos possíveis?
No útero, a histerossalpingografia pode detectar anormalidades estruturais, como: mioma submucoso, pólipo endometrial, síndrome de Asherman, septo uterino e outros tipos de malformações.
A maior parte das alterações diagnosticadas com a histerossalpingografia, no entanto, abrange as tubas uterinas. Distorção e obstrução tubária são problemas frequentes encontrados com esse exame.
Hidrossalpinge, obstrução total ou parcial e aderências cicatriciais são as condições que mais acometem as trompas. É chamada de hidrossalpinge a alteração caracterizada por acúmulo de líquido dentro da tuba, o que leva à dilatação e distorção do órgão.
A hidrossalpinge é uma sequela da inflamação na tuba uterina (salpingite). As infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), sobretudo a clamídia, são as principais causas desses processos inflamatórios.
Nos casos de aderências de tecido cicatricial, dentro ou em torno da trompa, uma causa comum é a endometriose, doença inflamatória que pode provocar lesões em vários locais da região pélvica.
A distorção da tuba uterina afeta a fertilidade porque dificulta a movimentação tubária e a captação do óvulo. Já a obstrução impede a passagem dos gametas e o transporte do óvulo. Quando, mesmo nessas condições, a fertilização acontece, existe o risco aumentado para gravidez ectópica (implantação do embrião fora do útero).
Quais são os tratamentos possíveis diante das alterações diagnosticadas?
Cada caso precisa ser individualmente avaliado para a melhor prescrição de tratamento. Algumas vezes, as anormalidades anatômicas uterinas e tubárias são tratadas com cirurgia, mas isso nem sempre restaura a fertilidade espontânea da paciente.
Uma alternativa importante para a mulher que deseja engravidar, mas tem distorção ou obstrução das tubas uterinas, é a fertilização in vitro (FIV). O tratamento consiste em unir óvulos e espermatozoides em laboratório para gerar embriões que são monitorados fora do útero, em incubadora, durante seus primeiros dias de desenvolvimento.
Após o período de cultivo embrionário, os embriões são colocados no útero, já na fase em que devem se implantar, ou seja, eles não precisam passar pelas tubas uterinas como é necessário na concepção natural.
A histerossalpingografia, portanto, é um exame de papel relevante na avaliação da fertilidade feminina, visto que pode revelar várias condições que interferem no processo espontâneo de reprodução.
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