Os casais que convivem com a dificuldade para engravidar naturalmente têm a alternativa de buscar avaliação com médicos especializados em medicina reprodutiva. A partir disso, o homem e a mulher realizam vários exames para descobrir se são inférteis. A ausência de um diagnóstico após os resultados da avaliação caracteriza a condição como infertilidade sem causa aparente (ISCA).
Em décadas passadas, o percentual de casais com ISCA era maior. Com o avanço das técnicas diagnósticas e as constantes pesquisas científicas, vemos que essa condição tem diminuído muito ao longo do tempo.
Veja, neste artigo, como um casal chega à conclusão de que tem ISCA e qual técnica de reprodução assistida é mais indicada!
Quando se chega à situação considerada ISCA?
Antes de ter seu caso definido como ISCA, o casal passa por uma avaliação completa da fertilidade conjugal. Ambos os parceiros precisam ser examinados, pois tanto a mulher quanto o homem — ou os dois ao mesmo tempo — podem apresentar fatores que alteram as funções reprodutivas.
Se os exames revelarem boa reserva ovariana, tubas uterinas permeáveis, útero sem alterações estruturais, níveis hormonais equilibrados e sêmen dentro dos parâmetros de normalidade, considera-se que o casal não tem fatores evidentes que impeçam uma concepção natural. Ainda assim, se a gravidez não acontecer, outros exames podem ser solicitados para pesquisas específicas, para detectar, por exemplo, disfunções imunológicas e hematológicas.
A investigação do casal infértil começa com a anamnese para que o médico possa coletar dados sobre: histórico reprodutivo; idade e padrão menstrual da mulher; tempo de infertilidade; condições gerais de saúde, incluindo doenças crônicas como diabetes e hipertensão arterial; histórico de infecções genitais e cirurgias pélvicas; tratamento oncológico prévio; história de síndromes genéticas na família; frequência sexual etc.
É feito, em seguida, o exame físico da mulher. Assim, o médico pode notar alterações ginecológicas como presença de secreção vaginal anormal, dor à mobilização do colo uterino, presença de nódulos e massas pélvicas, entre outras.
Procede-se com os exames complementares iniciais, que incluem: espermograma para o homem; dosagens hormonais, ultrassonografia pélvica e histerossalpingografia para a mulher.
Caso a análise seminal revele alterações espermáticas, um ultrassom da bolsa escrotal, espermocultura, exames hormonais, genéticos, cromossômicos e uma ressonância magnética da pelve são outros possíveis exames solicitados ao homem. No caso da mulher, a investigação pode prosseguir com ressonância e histeroscopia, se houver suspeita de doenças estruturais uterinas. Exames genéticos, cromossômicos e sorologias também fazem parte da avaliação.
Se não for detectado nenhum fator de infertilidade conjugal após todo esse percurso de investigação diagnóstica, considera-se que o casal tem ISCA. Isso pode ser motivo de preocupação para o casal, pois, quando se tem um diagnóstico, o tratamento é direcionado para a causa de infertilidade. No entanto, com as técnicas de reprodução assistida, é possível chegar a um resultado positivo.
Quais são as possibilidades na reprodução assistida?
A ISCA não é impeditivo para ter filhos. Mesmo que se enquadre nessa condição, o casal tem chances de concretizar seus objetivos de gravidez. As técnicas da reprodução assistida indicadas nessa situação incluem a relação sexual programada e a fertilização in vitro (FIV).
Conheça mais detalhes!
Indução da ovulação com relação sexual programada
Também chamada de coito programado, essa técnica é simples, de baixa complexidade. Envolve apenas o procedimento de indução da ovulação, que consiste em administrar fármacos hormonais que estimulam o processo ovulatório, aumentando as chances de que um óvulo seja liberado para a fertilização.
São feitos exames seriados de ultrassom e análises dos níveis séricos dos hormônios para acompanhar os folículos ovarianos em crescimento e saber qual será o dia da ovulação. Com base nisso, o casal é orientado por seu médico sobre os dias do período fértil, para que possam programar suas relações sexuais.
O coito programado é uma possibilidade para mulheres com menos de 35 anos, uma vez que a idade feminina é um dos fatores associados à redução da fertilidade. Para as tentantes que passaram dessa idade, deve ser discutida a possibilidade da FIV.
As taxas de sucesso variam de 15% a 18% por ciclo e as tentativas devem ser feitas por no máximo três ou quatro ciclos.
Fertilização in vitro (FIV)
A FIV é uma opção para os casais jovens com ISCA que não tiveram sucesso com a relação sexual programada. Para mulheres com mais de 35 anos, também é a indicação mais promissora, visto que os resultados podem vir mais rápido e a idade é um fator determinante, principalmente para quem deseja mais de um filho, uma vez que existe alta probabilidade de embriões excedentes serem criopreservados para gestações futuras, uma vez que a idade só afeta os óvulos e, portanto, as taxas de gravidez são similares ao ciclo fresco mesmo anos depois.
Realizada em várias etapas, a FIV é uma técnica de alta complexidade e com altas taxas de sucesso. Começa com a estimulação ovariana e procede com as etapas de punção dos óvulos, coleta e preparo seminal, fertilização, cultivo embrionário e transferência dos embriões para o útero.
As taxas de sucesso podem chegar a mais de 50% por ciclo, sendo a técnica mais eficaz da reprodução assistida.
O casal com ISCA enfrenta sentimentos de apreensão e incerteza por não compreender as causas da dificuldade de concepção, mas a medicina reprodutiva tem recursos para auxiliar esses casais. Sendo assim, buscar avaliação e a orientação de especialistas é o caminho para contornar os desafios e encontrar possibilidades para ter filhos.
No texto principal sobre infertilidade sem causa aparente – ISCA, você vai encontrar mais informações.