Sintomas como dor pélvica, sangramento uterino anormal e secreção vaginal de cor e odor alterados podem ser um sinal de alerta para uma possível infecção ginecológica mais séria, que afeta o endométrio: a endometrite.
Em sua fase aguda, esses sintomas são mais percebidos e devem ser tratados com antibióticos. Quando a infecção que não é tratada corretamente, a endometrite crônica se instala, tornando-se um quadro mais silencioso e perigoso, especialmente para a fertilidade.
Este artigo traz informações específicas sobre a endometrite crônica, seus sintomas, fatores de risco, causas, diagnóstico e tratamento, além de orientações sobre como a reprodução assistida pode ajudar, nos casos em que a endometrite resulta em um quadro de infertilidade mais complexo.
Boa leitura!
O que é endométrio e qual sua importância?
O endométrio é um dos tecidos mais importantes do útero especialmente porque recebe o embrião e atua diretamente na implantação e no desenvolvimento inicial da gravidez.
Localizado na parte interna do útero, que é um órgão muscular oco situado na pelve feminina entre a bexiga e o reto, o endométrio é composto por duas camadas principais: a camada funcional, que sofre mudanças ao longo do ciclo menstrual e é descartada durante a menstruação, e a camada basal, que permanece fixa e é responsável pela regeneração da camada funcional após cada ciclo menstrual.
Ao longo do ciclo menstrual, o endométrio passa por quatro fases principais: a fase proliferativa, no início do ciclo, quando o endométrio se regenera e torna-se espesso sob a influência dos estrogênios; a fase ovulatória, em que o óvulo é liberado, e o endométrio completa seu preparo para receber um possível embrião; e a fase secretora, o corpo lúteo produz progesterona, tornando o endométrio receptivo para a implantação do embrião.
Se não houver fertilização, os níveis hormonais caem, levando ao desprendimento do endométrio – que é expelido em forma de menstruação – e ao início de um novo ciclo.
Endometrite crônica
Em linhas gerais, a endometrite crônica é uma inflamação persistente do endométrio, que costuma resultar de infecções anteriores e lesões mecânicas.
Por se tratar de um processo inflamatório, as regiões lesionadas do endométrio têm seu ambiente celular alterado, o que provoca sintomas uterinos específicos e prejudica as funções desse órgão na fertilidade.
Causas e fatores de risco para endometrite crônica
A endometrite crônica é geralmente causada por infecções bacterianas, além de lesões decorrentes de procedimentos ginecológicos como o próprio parto, curetagens, histeroscopias e a colocação do DIU (dispositivo intrauterino).
Por isso, os fatores de risco para a endometrite crônica normalmente incluem:
- Histórico de ISTs (infecções sexualmente transmissíveis);
- Histórico de DIP (doença inflamatória pélvica);
- Sistema imunológico comprometido;
- Procedimentos ginecológicos recentes (como biópsias, curetagens ou colocação de DIUs);
- Complicações pós-parto ou pós-aborto;
- Relações sexuais sem preservativo de barreira.
Sintomas e diagnóstico da endometrite crônica
Considerando suas causas e os efeitos do processo inflamatório, a endometrite crônica pode se manifestar através de uma variedade de sintomas, inclusive sutis e facilmente confundidos com outras condições ginecológicas.
Os sintomas mais comuns se manifestam na fase aguda (inicial) e incluem dor pélvica crônica, que pode variar de leve a intensa, sangramento uterino anormal e secreção vaginal purulenta ou de odor desagradável.
Especialmente quando a mulher não trata esses sintomas, a endometrite pode evoluir para um quadro crônico, mais silencioso e especialmente mais perigoso para a fertilidade.
Quando há suspeita de endometrite crônica, a anamnese costuma incluir a abordagem dos sintomas e a coleta de uma amostra de secreção vaginal ou cervical para análise microbiológica, a fim de identificar possíveis agentes infecciosos.
O diagnóstico pode ser aprimorado também por exames de imagem, que identificam melhor os locais das lesões, e ajudam a delinear tratamentos mais assertivos.
Tratamento da endometrite crônica
Na fase aguda da endometrite crônica, o tratamento geralmente envolve antibióticos para eliminar a infecção. O regime de tratamento pode variar dependendo dos agentes infecciosos identificados, para garantir sua eliminação completa.
Além da terapia antibiótica, é recomendado testar e tratar também o parceiro sexual para prevenir a reinfecção, se a endometrite for causada por ISTs. Nos casos de outros patógenos, o tratamento do casal não parece ser necessário. A adesão rigorosa ao regime de antibióticos é fundamental para garantir a eficácia do tratamento e prevenir a recorrência da infecção.
Endometrite crônica: infertilidade e risco de abortamento
A endometrite crônica pode ter uma relação com a infertilidade e o abortamento devido ao impacto negativo que a inflamação persistente do endométrio pode ter.
Isso provavelmente acontece porque a condição inflamatória crônica pode alterar a estrutura e a função do endométrio, tornando-o um ambiente menos receptivo para a implantação do embrião, o que pode acabar em abortamento precoce e risco de perda gestacional.
No momento atual, não existe um consenso, nos principais guias de infertilidade, sobre a relação entre esta patologia e infertilidade ou aborto, devendo seu tratamento ser avaliado junto com a paciente e a equipe que a acompanha, devendo ser descartadas outras causas de aborto ou falhas de implantação.
Como a reprodução assistida pode ajudar?
A indicação da técnica de reprodução assistida mais adequada para cada caso deve ser feita sempre considerando todos os detalhes da fertilidade do casal, ou seja, de forma totalmente individualizada.
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