O casal é considerado infértil quanto tenta uma gravidez por, pelo menos, um ano e não chega a um teste positivo ou não consegue levar a gestação a termo. Há duas situações, nesse sentido: infertilidade primária e infertilidade secundária.
Ao se deparar com contínuas tentativas frustradas, é importante que o casal busque avaliação médica especializada para descobrir se um dos parceiros — ou ambos — desenvolveu alguma condição que dificulta a concepção espontânea.
Este texto é relevante para desfazer o mito de que “quem já teve um filho, poderá ter outros”. Há doenças que podem surgir há qualquer momento na vida reprodutiva, inclusive algumas aparecem após o primeiro parto, resultando dos procedimentos médicos uterinos.
Tenha atenção durante a leitura deste post e compreenda o que fazer quando o casal desejar ter mais filhos!
O que é infertilidade secundária?
No contexto da avaliação do casal infértil, existem os conceitos de infertilidade primária e secundária. Na primeira consulta com o médico especialista, uma das questões investigadas é o histórico reprodutivo de ambos os parceiros, relativo ao relacionamento atual e aos anteriores. Com base nessa e em outras informações, pode-se traçar melhor o percurso de investigação diagnóstica.
A infertilidade secundária se aplica ao casal que já tem um ou mais filhos, e não consegue engravidar novamente. Já a infertilidade primária está relacionada aos casais que ainda não conseguiram ter nenhuma gestação bem-sucedida.
Se um dos parceiros já tem um filho de relacionamento anterior e não consegue ter outro na relação conjugal atual, trata-se ainda de infertilidade primária.
Outro ponto a reforçar é que a infertilidade secundária ou primária não está somente relacionada à dificuldade de confirmar uma gravidez. O casal também é considerado infértil se, dentro de um ano ou mais de tentativas, houve o início de gestações que culminaram em aborto espontâneo (precoce ou tardio) ou óbito fetal (perda gestacional após 22 semanas).
Quais são as possíveis causas da infertilidade secundária?
A infertilidade secundária tem várias causas semelhantes às da infecundidade primária. Contudo, há fatores específicos que podem aumentar o risco de ficar infértil após ter o primeiro filho, por exemplo, o avanço da idade.
Veja as principais causas femininas e masculinas da infertilidade secundária!
Fatores femininos
De modo geral, a mulher pode ficar infértil devido a problemas de ovulação, alterações no útero, obstrução das tubas uterinas e doenças inflamatórias na região pélvica, que tornam o ambiente inóspito para o desenvolvimento embrionário.
Um dos fatores femininos importantes é o avanço da idade. Ao tentar a segunda gravidez, a mulher pode ter 35 anos ou mais. Nessa faixa etária, a fertilidade feminina começa a reduzir devido ao envelhecimento ovariano que afeta a qualidade dos óvulos.
Algumas condições uterinas são mais comuns após o primeiro parto, devido aos procedimentos médicos que são feitos no útero, como a curetagem para retirada de restos placentários e a cesariana. Nesses casos, a mulher fica mais suscetível a desenvolver, por exemplo:
- síndrome de Asherman — presença de muitas faixas de tecido cicatricial que ocluem o espaço da cavidade uterina;
- endometrite crônica — inflamação na camada interna do útero (endométrio) que afeta a receptividade ao embrião;
- adenomiose — inflamação da camada medial do útero (miométrio) que pode modificar a contratilidade uterina;
- obstrução ou aderência tubárias.
Há também as doenças ginecológicas que são mais prevalentes em mulheres em torno dos 40 anos (e acima disso) e diminuem a fertilidade, como mioma uterino e pólipo endometrial.
Além disso, fatores relacionados aos hábitos de vida podem modificar com o passar dos anos, entre uma gestação e outra, prejudicando o equilíbrio hormonal que é fundamental para a fertilidade, tais como: ganho de peso corporal; tabagismo; consumo excessivo de álcool; estresse constante.
Fatores masculinos
Para os homens, tanto a infertilidade secundária quanto a primária estão associadas a falhas na produção ou na qualidade dos espermatozoides. Obstruções no trato reprodutivo também impedem a concepção natural, pois prejudicam a passagem e a saída dos gametas.
As principais causas de alterações espermáticas, de modo geral, incluem: varicocele, infecções genitais, distúrbios hormonais e exposição frequente a condições gonadotóxicas (que fazem mal aos testículos), como radiação e altas temperaturas.
A infertilidade secundária nos homens pode decorrer de condições crônicas multifatoriais, que também são causadas por fatores ambientais e relacionados ao estilo de vida, uso de medicamentos ou drogas. Doenças crônicas também podem afetar a fertilidade, por exemplo: hipertensão arterial, diabetes e obesidade.
A idade avançada é outro fator que pode prejudicar a fertilidade masculina, embora seja mais determinante para as mulheres. Com o passar dos anos, o homem fica mais suscetível a ter alterações na qualidade dos espermatozoides, incluindo a fragmentação do DNA espermático, além de dificuldades sexuais, como a disfunção erétil.
Por fim, também podemos mencionar as cirurgias de contracepção definitiva como causas de infertilidade secundária: a vasectomia para os homens e a laqueadura para as mulheres. Casais que já têm filhos e optam por esses métodos de esterilização ainda jovens podem se arrepender, anos depois, e buscar opções para viabilizar uma nova gravidez.
Como tratar?
A conduta terapêutica vai depender dos resultados da investigação diagnóstica. É preciso descobrir se existem doenças subjacentes à infertilidade secundária que necessitam de tratamentos específicos.
A reprodução assistida também pode ser indicada para auxiliar o casal infértil em seu objetivo de ter mais um filho. As técnicas existentes na medicina reprodutiva, como a fertilização in vitro (FIV), representam uma indicação particularmente importante para: mulheres com mais de 35 anos; obstrução das tubas uterinas; homens com alterações espermáticas; entre outras condições que nem sempre podem ser revertidas com tratamentos médicos convencionais (medicação e cirurgia).
Seja qual for a causa da infertilidade secundária, o caminho que o casal deve seguir começa com a consulta a um especialista em reprodução humana, que fará a investigação necessária e poderá indicar um tratamento personalizado.
Leia mais um texto e entenda quais são as causas da infertilidade masculina!
