O endométrio é a camada interna da parede do útero e tem importantes funções no ciclo menstrual e na gravidez. Tanto em gestações naturais quanto obtidas por técnicas de reprodução assistida, é necessário que o tecido intrauterino esteja em condições adequadas para receber o embrião. Por isso, realiza-se o preparo endometrial na FIV.
A fertilização in vitro, ou simplesmente FIV, é uma técnica complexa e que requer vários procedimentos laboratoriais. O tratamento envolve o uso de medicações hormonais para que o corpo da mulher desempenhe suas funções de modo semelhante ao que acontece naturalmente para permitir o processo reprodutivo.
Nos ciclos naturais, os ovários respondem à ação de hormônios secretados pela hipófise e o endométrio é estimulado pelos hormônios que são produzidos nos ovários.
Confira este artigo com atenção e entenda como é feito o preparo endometrial na FIV!
Quais são as funções do endométrio?
Cada camada do útero tem uma função específica:
- o endométrio é a mais interna, responsável por receber o embrião;
- o miométrio é a parte intermediária, formada por tecido muscular que participa das contrações uterinas e da expansão do órgão durante a gravidez;
- a camada serosa é a mais externa e recobre o útero na cavidade pélvica.
Durante o ciclo menstrual, o endométrio se torna mais espesso para preparar o útero para a implantação de um óvulo fertilizado. O que acontece em seguida depende se houve ou não um embrião para se implantar.
Entenda o que ocorre com o endométrio no ciclo menstrual e na gravidez!
No ciclo menstrual
O ciclo feminino começa com a menstruação, que é resultado da descamação endometrial quando não há gravidez.
Na fase folicular, que abrange as duas primeiras semanas do ciclo, aproximadamente, um grupo de folículos ovarianos começa a se desenvolver sob estímulo dos hormônios da hipófise, folículo-estimulante (FSH) e luteinizante (LH). Enquanto eles crescem, liberam estrogênio, que é o hormônio responsável por deixar o endométrio mais espesso a partir da proliferação de suas células.
Na metade do ciclo menstrual, o folículo mais desenvolvido se rompe e libera um óvulo para ser fertilizado. Após a ovulação, esse folículo roto se transforma em corpo-lúteo, uma estrutura endócrina temporária que produz estrogênio e progesterona.
Se o óvulo não for fertilizado ou o embrião não conseguir se implantar no útero, o corpo-lúteo se degenera, fazendo cair os níveis dos hormônios ovarianos que mantêm o endométrio receptivo. Então, parte do tecido endometrial descama e sai do corpo feminino em forma de menstruação. Assim, um novo ciclo começa e o endométrio se renova.
Na gravidez
O endométrio tem função fundamental para a gravidez, pois é nele que ocorre a implantação do embrião, evento biológico também conhecido como nidação. Para ficar receptivo, o tecido endometrial passa por uma complexa cadeia de atividades proliferativas e secretórias.
O período de receptividade do endométrio é curto, ocorre de 5 a 7 dias após a ovulação e é chamado de janela de implantação. O tecido endometrial é ricamente vascularizado e contém líquidos e nutrientes que favorecem a implantação embrionária e a manutenção inicial da gravidez, até que a placenta esteja completamente formada e funcional.
A placenta é um órgão fetomaterno, ou seja, constitui uma porção fetal, formada por células embrionárias, e uma porção materna, originária de células endometriais.
O endométrio gravídico, assim como a placenta, é responsável por fornecer oxigênio e nutrientes para o embrião em crescimento. Portanto, é uma parte do corpo feminino essencial para a função reprodutiva e precisa estar ciclicamente preparado para o início de uma gestação.
Alterações como endométrio fino (nos dias de hoje, é um tema controverso) e insuficiência do corpo-lúteo podem prejudicar a receptividade endometrial, ocasionando infertilidade por falhas de implantação ou abortamento precoce.
Qual é a importância do preparo endometrial na FIV?
O preparo endometrial na FIV é importante por diversas razões. Para começar, vale lembrar que a fertilização in vitro envolve várias etapas e é classificada como uma técnica de alta complexidade. O primeiro passo é a estimulação ovariana, que pode incluir o uso de altas doses de hormônios exógenos para intensificar a função dos ovários e provocar o desenvolvimento de múltiplos óvulos.
Dependendo das respostas de cada paciente à estimulação ovariana, é possível que os níveis dos hormônios demorem para se equilibrar, interferindo na receptividade endometrial. Nessas condições, indica-se o congelamento de todos os embriões (freeze-all) para realizar a transferência para o útero no ciclo posterior.
Quando os embriões atingem o estágio de blastocisto, adequado para a implantação, no sexto ou sétimo dia após a fecundação dos óvulos, também é indicado o freeze-all.
A fim de assegurar as condições adequadas do endométrio para receber os embriões, realiza-se o preparo endometrial na FIV com medicações que fornecem o suporte à fase lútea, o que pode ser feito somente com progestágenos (ciclo natural) ou com fármacos à base de estrogênio e progesterona (ciclo artificial).
Outra situação que eventualmente pode demandar o preparo endometrial na FIV é o endométrio fino, decorrente de baixos níveis de estrogênio. A condição é apresentada por algumas pacientes e observada ao ultrassom. Isso pode ser acompanhado com atenção, permitindo um preparo adequado desde o início do tratamento.
Ainda, é oportuno mencionar os casos específicos em que a futura gestante não passa por estimulação ovariana e coleta de óvulos, mas também precisa de preparo endometrial na FIV para receber o embrião, por exemplo: ovodoação e barriga solidária.
Saiba mais sobre as etapas do tratamento e as técnicas complementares no texto que apresenta a fertilização in vitro em detalhes!