Síndrome do X frágil: cuidados na reprodução assistida

Por Equipe Origen

Publicado em 27/11/2025

Entre os fatores determinantes para a fertilidade humana, está a integridade genética — e os cromossomos sexuais são fundamentais nesse processo. Em condições normais, as mulheres possuem dois cromossomos X (cariótipo 46, XX) e os homens têm um X e um Y (cariótipo 46, XY).

Existem algumas alterações nos cromossomos sexuais que podem comprometer a saúde dos portadores, em maior ou menor nível, afetando o desenvolvimento neurológico, a capacidade reprodutiva ou outros aspectos da saúde. A síndrome do X frágil é uma dessas alterações.

Conheça, neste texto, a síndrome do X frágil: uma condição genética que pode ser silenciosa por gerações, mas que exige atenção especial, sobretudo quando há desejo de ter filhos. Entenda também de que forma a reprodução assistida pode ser uma aliada importante na prevenção da transmissão da síndrome!

O que é síndrome do X frágil?

A síndrome do X frágil é uma alteração genética hereditária causada por uma mutação no gene FMR1, localizado no cromossomo X. Em pessoas saudáveis, esse gene possui até 44 repetições da sequência CGG (sigla que se refere ao padrão dos nucleotídeos citosina-guanina-guanina).

Entre 45 e 55 repetições, classifica-se como zona cinzenta ou intermediária (risco incerto). Mulheres com a pré-mutação do X frágil apresentam entre 55 e 200 repetições de CGG. Quando esse número está acima de 200, há uma mutação completa e a confirmação da síndrome, que pode afetar ambos os sexos, mas de formas diferentes.

Os homens são afetados principalmente no desenvolvimento neurológico e cognitivo. Nas mulheres com a mutação completa, a síndrome tem efeitos mais leves, visto que elas ainda possuem outro cromossomo X íntegro. Mesmo assim, pode haver comprometimento da fertilidade feminina, além de outros riscos à saúde.

Qual é a relação entre síndrome do X frágil e infertilidade?

A síndrome do X frágil pode causar infertilidade em portadoras com a pré-mutação ou a mutação completa do gene FMR1. Essas mulheres correm um risco aumentado de desenvolver insuficiência ovariana prematura (menopausa precoce).

Os efeitos dessas alterações na fertilidade feminina podem incluir:

  • redução da reserva ovariana;
  • disfunção ovulatória;
  • menstruação irregular ou ausência de ciclos menstruais;
  • dificuldade para engravidar.

Quanto maior o número de repetições CGG na pré-mutação, maior é o risco de insuficiência ovariana prematura. Nos casos mais graves, a mulher pode ter a interrupção das funções dos ovários ainda jovem, inviabilizando uma concepção natural.

Nos homens, a mutação completa pode causar deficiência intelectual, distúrbios comportamentais e características dismórficas. A pré-mutação, em alguns casos, também pode estar associada a uma condição chamada síndrome do tremor/ataxia associada ao X frágil (FXTAS), tanto em homens como em mulheres, caracterizada por problemas neurodegenerativos, como: declínio cognitivo, neuropatia periférica, parkinsonismo e incontinência urinária e intestinal.

Quais cuidados são tomados na reprodução assistida?

Diante do diagnóstico da síndrome do X frágil ou da pré-mutação do gene FMR1, é possível recorrer a cuidados específicos na reprodução assistida para evitar os riscos da falência ovariana prematura, bem como a transmissão da síndrome para os descendentes.

Um dos primeiros passos é o aconselhamento genético, uma conduta útil para orientar os portadores sobre os riscos de transmissão da condição e as possibilidades de prevenção. É uma etapa importante para que os futuros pais compreendam os possíveis impactos da síndrome do X frágil e tomem decisões informadas.

Na reprodução assistida, há três importantes técnicas que podemos destacar:

Congelamento de óvulos

Mulheres portadoras do gene alterado podem contar com o congelamento de óvulos enquanto ainda têm folículos ovarianos disponíveis. O procedimento envolve as seguintes etapas:

  • avaliação da reserva ovariana, sorologias e outros exames que o médico considerar necessários;
  • estimulação ovariana;
  • aspiração folicular e coleta dos óvulos;
  • congelamento dos óvulos por vitrificação.

Depois disso, os óvulos podem ficar em criopreservação por vários anos. Quando decidir engravidar, a mulher poderá solicitar o descongelamento e usar os óvulos em uma fertilização in vitro (FIV), mesmo que já tenha interrompido suas funções ovarianas.

Teste genético pré-implantacional (PGT)

Nos casos em que o risco de transmissão é confirmado, a FIV com PGT é a principal alternativa para evitar que a mutação gênica seja herdada pelos descendentes. Esse teste permite a análise genética dos embriões antes da transferência para o útero, selecionando aqueles que são saudáveis.

O PGT não representa 100% de certeza de que a criança não terá problemas de saúde, mas reduz significativamente os riscos. Ele tem sido cada vez mais realizado nos tratamentos de reprodução assistida, em suas diferentes modalidades — como o PGT-M, que rastreia doenças monogênicas, e o PGT-A, que faz a análise de alterações cromossômicas.

Doação de óvulos

Em casos específicos, quando a reserva ovariana da mulher portadora da pré-mutação ou da síndrome do X frágil está esgotada devido à falência ovariana prematura, existe a opção de recorrer à doação de óvulos. A ovodoação é uma técnica segura e que possibilita a experiência da gestação para mulheres que não podem engravidar com óvulos próprios.

Fique um pouco mais para ler o texto que explica tudo sobre a FIV- fertilização in vitro!

Importante Este texto tem apenas caráter informativo e não substitui a avaliação médica individualizada. Atualizamos nosso conteúdo com frequência, mas o conhecimento médico e a ciência evoluem rapidamente, por isso alguns conteúdos podem não refletir as informações mais recentes. Dessa forma, a consulta médica é o melhor momento para se informar e tirar dúvidas. Além disso, podem existir diferenças plausíveis baseadas em evidências científicas nas opiniões e condutas de diferentes profissionais de saúde.

Importante

Anúncios em redes sociais e sites têm veiculado notícias falsas relacionadas ao recebimento de doações de gametas masculinos e femininos pela Origen. A clínica jamais recebeu doações de espermatozoides ou óvulos.