Quando um casal encontra dificuldades para engravidar, é comum que as primeiras investigações se concentrem na fertilidade da mulher. No entanto, a qualidade seminal tem um papel fundamental na concepção, de modo que alguns fatores que afetam os espermatozoides precisam ser investigados com os exames específicos — o teste de fragmentação do DNA espermático é uma das possíveis indicações nesse cenário.
O DNA espermático é o material genético contido no núcleo dos espermatozoides, localizado na cabeça do gameta. Ele carrega metade das informações que serão combinadas com as do óvulo no momento da fecundação para formar o DNA do futuro embrião. Esse material genético precisa estar íntegro para que a gestação se desenvolva de forma saudável.
Neste artigo, vamos explicar o que é fragmentação do DNA espermático, como funciona o teste que avalia essa condição e em quais situações ele pode ser solicitado. Veja tudo isso adiante!
O que é teste de fragmentação do DNA espermático?
O teste de fragmentação do DNA espermático é um exame laboratorial que avalia o grau de integridade do material genético contido nos espermatozoides. Ele não substitui o espermograma tradicional — que é geralmente o primeiro exame a ser solicitado para avaliar o sêmen —, mas complementa sua análise, fornecendo outras informações sobre as características espermáticas.
Durante a formação dos espermatozoides, o DNA passa por um processo de compactação e proteção para que chegue ao óvulo sem sofrer danos. No entanto, fatores como estresse oxidativo, infecções, exposição a toxinas ou problemas no processo de espermatogênese podem causar quebras ou alterações na estrutura das cadeias de DNA — é isso que chamamos de fragmentação do DNA espermático.
Enquanto o espermograma avalia aspectos como concentração, motilidade e morfologia dos espermatozoides, o teste de fragmentação do DNA espermático detecta alterações específicas, que podem estar presentes mesmo quando a análise seminal convencional apresenta resultados normais.
Existem diferentes métodos para avaliar os níveis de danos no DNA dos espermatozoides, entre eles:
- teste TUNEL;
- teste SCSA (Sperm Chromatin Structure Assay);
- comet assay (ensaio cometa).
Cada técnica tem suas particularidades, mas todas têm como objetivo quantificar a porcentagem de espermatozoides com DNA fragmentado. É ainda muito controverso se há essa relação de quanto maior o índice de fragmentação, menor a probabilidade de formar embriões saudáveis e que levem à confirmação de uma gravidez — tanto em tentativas naturais quanto em tratamentos de reprodução assistida.
Por que a fragmentação do DNA espermático pode causar infertilidade masculina?

A integridade do DNA espermático pode ser muito importante para que a fecundação ocorra com sucesso e o embrião se desenvolva adequadamente. Quando há um índice elevado de fragmentação, podem ocorrer, em teoria:
- dificuldades de fertilização do óvulo;
- má qualidade do embrião;
- falhas de implantação no útero;
- abortamento espontâneo.
A fragmentação do DNA espermático pode estar associada, em teoria, a uma menor taxa de gravidez, tanto espontânea quanto por reprodução assistida, além de hipoteticamente maior risco de perdas gestacionais. Por isso, esse exame pode ser solicitado para avaliação da infertilidade masculina, mas em situações específicas.
Quando e por que o teste é solicitado?
O teste de fragmentação do DNA espermático não é indicado de forma rotineira em todas as avaliações masculinas, mas pode ser feito, após discussão e explicação ao paciente sobre as controvérsias desse exame, nos seguintes casos:
- casais com infertilidade sem causa aparente (ISCA);
- casais que passaram por falhas repetidas em tratamentos com fertilização in vitro (FIV);
- histórico de abortos recorrentes;
- presença de varicocele, infecção genital ou doenças inflamatórias;
- exposição frequente a fatores ambientais ou ocupacionais nocivos (radiação, calor, agrotóxicos, poluentes);
- homens com idade avançada;
- uso crônico de tabaco, álcool, drogas ou anabolizantes.
O exame também pode ser útil para direcionar a escolha da técnica de reprodução assistida, como o uso do PICSI (injeção intracitoplasmática fisiológica de espermatozoide após seleção por ligação ao ácido hialurônico), que pode contribuir (ainda sem evidências científicas suficientes) nos casos de altas taxas de fragmentação do DNA espermático.
Na reprodução assistida, especialmente nos ciclos de FIV, conhecer o grau de fragmentação do DNA espermático pode ajudar a personalizar o tratamento. O médico pode sugerir estratégias como:
- mudanças no estilo de vida para reduzir fatores que aumentam a exposição a toxinas;
- tratamento de varicocele ou infecções genitais, quando presentes;
- suplementação com antioxidantes, que podem ajudar a reduzir o estresse oxidativo e melhorar a qualidade espermática;
- técnicas laboratoriais específicas para selecionar espermatozoides com menor fragmentação, como o dispositivo de microfluidos ZyMot (que pode aumentar o número total de embriões de boa qualidade).
Vale lembrar que cada tratamento deve ser individualizado e com base na avaliação do casal, considerando o histórico, os resultados dos exames de ambos e os fatores envolvidos na fertilidade feminina.
O teste de fragmentação do DNA espermático, portanto, é uma ferramenta que eventualmente pode ser útil para avaliar mais detalhes sobre a qualidade do sêmen e identificar causas de infertilidade masculina que não foram detectadas em outros exames. Ele complementa o espermograma, quando necessário, e pode fazer diferença no planejamento do tratamento de reprodução assistida.
Aproveitando sua visita em nossa página, confira o texto sobre FIV- fertilização in vitro e conheça os detalhes dessa técnica de alta complexidade que já contribuiu para a gravidez de milhões de casais!







