A reprodução assistida tornou-se principalmente conhecida por solucionar os problemas de infertilidade conjugal, embora atualmente atenda a diferentes necessidades reprodutivas das sociedades contemporâneas.
Hoje, as três principais técnicas disponíveis são a relação sexual programada (RSP), a inseminação artificial (IA) e a fertilização in vitro (FIV). Elas auxiliam a gravidez de diferentes formas, de acordo com cada caso, com percentuais de sucesso gestacional bastante expressivos.
É bastante comum que as pessoas tenham curiosidades a respeito dos tratamentos, desde o funcionamento das técnicas a questionamentos sobre como fica a relação sexual na reprodução assistida.
A vida sexual do casal durante a reprodução assistida não só pode, como deve ser mantida, bem como toda a rotina do relacionamento, o que é particularmente importante para minimizar inseguranças e receios, incluindo o de insucesso, ou mesmo transtornos emocionais como ansiedade e depressão, que costumam ser frequentes quando o quadro é de infertilidade.
Porém, de acordo com a técnica utilizada, precisa ser intensificada ou interrompida em etapas específicas dos tratamentos.
Continue a leitura do texto até o final e entenda mais sobre a relação sexual na reprodução assistida. Confira!
Técnicas de reprodução assistida e relação sexual
As técnicas de reprodução assistida são classificadas de acordo com a complexidade. RSP e IA, por exemplo, são consideradas de baixa complexidade, pois a fecundação acontece naturalmente nas tubas uterinas, como na gestação espontânea.
Na FIV, por outro lado, é realizada em laboratório, precedida da coleta e seleção dos melhores gametas, óvulos e espermatozoides e os embriões formados são transferidos diretamente ao útero materno após alguns dias de desenvolvimento, também em ambiente laboratorial.
Saiba, abaixo, sobre o funcionamento de cada uma e como fica a relação sexual:
RSP
A RSP é mais simples entre as técnicas de reprodução assistida. O tratamento acontece em duas etapas, estimulação ovariana e programação da relação sexual.
No ciclo natural, vários folículos, estruturas que contêm o óvulo imaturo são recrutados e crescem pela ação do FSH (hormônio folículo-estimulante). Porém, apenas um deles se destaca, chamado folículo dominante, desenvolve, amadurece e rompe liberando seu óvulo na ovulação, processo estimulado pelo LH, hormônio luteinizante. Assim, a cada ciclo um dos ovários libera um óvulo para ser fecundado pelo espermatozoide e gerar a primeira célula do embrião.
Estimulação ovariana é um procedimento realizado com medicamentos hormonais sintéticos semelhantes aos naturais. Eles são administrados no início dos ciclos, com objetivo de estimular o desenvolvimento de mais folículos ovarianos, e, assim, obter mais óvulos disponíveis para a fecundação, entre 1 e 3.
O desenvolvimento dos folículos é acompanhado por exames de ultrassonografia transvaginal, que permitem indicar o momento ideal para que novos medicamentos os induzam ao amadurecimento final e ovulação, bem como programar a relação sexual.
Relação sexual na RSP
Durante o tratamento com a RSP a relação sexual deve acontecer normalmente e ser intensificada no período programado, que considera o tempo previsto para a ovulação, aproximadamente 36 horas e de sobrevida dos gametas, óvulos 24h e espermatozoides 72h.
IA
O tratamento com a IA, por sua vez, é feito em três etapas: estimulação ovariana, preparo seminal e a inseminação. Assim como na RSP, os ciclos são minimamente estimulados para obter entre 1 e 3 óvulos.
Enquanto a mulher passa pela estimulação ovariana, amostras de sêmen do parceiro são submetidas ao preparo seminal, técnica em que os melhores espermatozoides são selecionados por diferentes métodos.
As amostras de sêmen que contêm os gametas masculinos mais saudáveis são depositas no útero da parceira após a administração dos medicamentos indutores, encurtando, dessa forma, o caminho até as tubas uterinas, facilitando a fecundação.
Relação sexual na IA
Estudos hoje questionam a abstinência sexual alguns dias antes coletar as amostras de sêmen, o que inclui qualquer tipo de ejaculação, inclusive por masturbação, para garantir amostras de melhor qualidade. Além disso, devem ser coletadas diferentes amostras respeitando um intervalo de 48h, uma vez que a contagem de espermatozoides, quantidade presente no sêmen, pode variar diariamente.
FIV
Já o tratamento com a FIV, por ser o de maior complexidade da reprodução assistida, é realizado em mais etapas, cinco: estimulação ovariana, aspiração folicular e preparo seminal, fecundação, desenvolvimento dos embriões e transferência embrionária.
A estimulação ovariana, assim como nas técnicas de baixa complexidade é a primeira etapa. Porém, além de serem utilizadas dosagens mais altas para obter diversos óvulos maduros, após a administração dos medicamentos indutores os folículos maduros são coletador por aspiração folicular, o que acontece na segunda etapa do tratamento.
Aspiração folicular é um procedimento em que uma fina agulha acoplada a uma seringa e guiada por ultrassom permite coletar cada folículo maduro para que seus óvulos sejam posteriormente extraídos e selecionados em laboratório. Simultaneamente, é feita a coleta de amostras de sêmen, submetidas ao preparo seminal para a seleção dos melhores espermatozoides.
Durante a fecundação, cada espermatozoide é injetado diretamente no citoplasma do óvulo, técnica conhecida como ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide).
Os embriões formados são então acomodados em incubadoras, em meios de cultura que simulam o ambiente natural, e podem se desenvolver por até sete dias, período acompanhado por um embriologista, time-lapse e às vezes inteligência artificial que determina o momento ideal para a transferi-los ao útero, entre o segundo e terceiro dia de desenvolvimento, fase conhecida como D2, D3 ou clivagem, ou no quinto dia, fase de desenvolvimento em estágio de blastocisto.
Após a transferência, a implantação acontece naturalmente, como na gestação espontânea: o embrião se fixa no endométrio, camada interna uterina, para dar início à gestação.
Relação sexual na FIV
Como na FIV são utilizadas dosagens hormonais mais altas para estimular a função ovariana, pode ocorre um aumento maior em seu volume, tornando-o sensível a estímulos, assim, a relação sexual pode ficar mais dolorosa, por isso, é aconselhável evitá-la. Por outro lado, a abstinência sexual não é necessária antes de coletar as amostras de sêmen para o preparo seminal.
Além disso, quando não foi possível coletar todos os folículos maduros, ou se um deles amadurecer e romper após a coleta, as chances de gravidez múltipla são mais altas. No entanto, como todo o processo é minuciosamente controlado, a possibilidade de isso correr é bastante rara.
Por outro lado, embora não exista nenhum risco associado a manutenção da relação sexual logo após a transferência dos embriões, geralmente, os especialista optam por aconselhar a abstinência por alguns dias por causa das contrações uterinas que podem ocorrer durante o orgasmo.
A relação sexual na reprodução assistida, portanto, pode e deve acontecer normalmente. A exceção se aplica apenas a algumas etapas dos tratamentos, devidamente orientadas pelos especialistas.
Siga o link e aproveite para ler o texto que aborda sobre os miomas uterinos, uma das causas mais comuns de infertilidade feminina!